sábado, 15 de janeiro de 2022

Meu "EU" em algum lugar...


Seguia tão rapidamente meu caminhar, “feito beija-flor” como dizia minha avó, olhar atento, energia vibrante, totalmente entusiasmada com todas as descobertas, agitação, cores e formas... desbravando a vida!

Hora chuva de bênçãos, hora “catando os caquinhos” e absorvendo os aprendizados... foram chegando muitas informações, muitas vozes, fui silenciando, diminuindo o ritmo e aumentando o peso das responsabilidades...

Parecia certo, olhar para o externo, atender as exigências e expectativas, havia ganhos, havia retribuição, ou ao menos parecia que sim... fui indo... indo... indo. Assumindo papéis, compromissos, calando a voz interior, vivendo mais na superfície, no exterior de mim... fui adentrando na euforia, sonhos e ilusão alheios, acreditando ser o certo.

Até parecia bom, havia gratidão, havia elogio, havia reconhecimento... parecia quentinho, reconfortante, seguro... continuei a ir... de encontro a dores e necessidades alheias e estas foram se misturando às minhas, parecia que TUDO isso era o que eu queria.

Fui acolhendo o MUNDO em mim.


E não era isso que eu tinha que fazer? Guardar minhas dores, esconder meus medos, calar minhas inseguranças, dar pausa nos meus sonhos e objetivos, para atender a demanda externa?

Parecia bom, portas abertas, cadeira desocupada, convite feito... eu entrei, sentei, aceitei, disse sim, sim, sim... foram tantos sim para fazer brotar sorrisos e alegria em outras faces e corações. Foi real, foi bom sim...

E continuei indo... indo, indo e indo “deixando a vida me levar”... se fiz escolhas? Fiz. E foram acertadas, algumas foram certeiras e incríveis. Mas, continuei indo, indo e indo, por vezes acelerada, outras feito “lesma”... aceitando, suportando, assumindo, mais, mais e mais... cada vez mais longe e ausente de mim.

E não era isso que eu tinha que fazer? Ao menos era o que eu acreditava.

O que eu estava tentando fazer? Talvez colocar o mundo numa caixinha, no bolso, nas mãos.. no coração! Não coube. Me frustrei, não vi, não percebi, coloquei TUDO nos ombros e segui.

Não era isso que eu tinha que fazer?

Foi ficando pesado, muito pesado. Suportei, suportei tudo, de novo, mais uma vez. Como antes, me calei, me curvei, aceitei, me fiz de forte, engoli o choro, a raiva, o sentimento todo.

Pesado demais nos ombros, coloquei pra dentro. Coloquei dentro... perdi a linha delimitadora, o ponto de equilíbrio,  verdade seja dita me perdi, de mim em partes.

“Todas EU” estavam ali, firmes, produtivas, fortes e firmes. Sorridentes até... tentando mais uma vez vencer o mundo. Achando VIVER eu tentava sobreviver.

Mas, havia uma parte de todas em mim, AUSENTE,  ESQUECIDA E IGNORADA, ficou pra trás, em algum lugar... não sei se soltou a mão, se se perdeu no escuro ou na multidão. Não sei se não gostou do caminho que viu, se achou chato, pesado ou desconexo, ou se apenas ficou lá esperando o CONVITE.

Está um pouco escuro agora, lá fora também, mas é noite aqui dentro também e não sei bem quem ficou pra trás, qual parte de mim...

Mas, mesmo em meio a escuridão em mim, eu te SINTO, de alguma forma eu te vejo aí, parada, inerte, perdida, solitária, sentindo medo, abandono, raiva, decepção, tristeza e rejeição.

Mas também posso sentir seu amor e fé em mim, EM NÓS. No fim eu sei, que você sabia que um dia eu voltaria para te buscar. Você está aí, apesar de tudo pronta, ansiando a cada segundo pelo nosso reencontro.

E essa sua certeza, seu amor me alcança, alcança já meu coração e minha consciência.

Quero que me escutes nesse instante: EU ESTOU INDO TE BUSCAR, eu sei da sua existência e agora sei que PRECISO ter você aqui comigo SEMPRE, sei agora que você é a parte mais importante de mim, eu te sinto, te reconheço. Saiba que eu EU TE AMO, se acalme .... EU estou indo te BUSCAR! 

Meu EU em algum lugar, em breve estaremos juntas novamente.