Hora chuva de bênçãos, hora “catando os caquinhos” e
absorvendo os aprendizados... foram chegando muitas informações, muitas vozes,
fui silenciando, diminuindo o ritmo e aumentando o peso das
responsabilidades...
Parecia certo, olhar para o externo, atender as exigências e
expectativas, havia ganhos, havia retribuição, ou ao menos parecia que sim...
fui indo... indo... indo. Assumindo papéis, compromissos, calando a voz
interior, vivendo mais na superfície, no exterior de mim... fui adentrando na
euforia, sonhos e ilusão alheios, acreditando ser o certo.
Até parecia bom, havia gratidão, havia elogio, havia
reconhecimento... parecia quentinho, reconfortante, seguro... continuei a ir...
de encontro a dores e necessidades alheias e estas foram se misturando às
minhas, parecia que TUDO isso era o que eu queria.
Fui acolhendo o MUNDO em mim.
E não era isso que eu tinha que fazer? Guardar minhas dores,
esconder meus medos, calar minhas inseguranças, dar pausa nos meus sonhos e objetivos,
para atender a demanda externa?
Parecia bom, portas abertas, cadeira desocupada, convite
feito... eu entrei, sentei, aceitei, disse sim, sim, sim... foram tantos sim
para fazer brotar sorrisos e alegria em outras faces e corações. Foi real, foi
bom sim...
E continuei indo... indo, indo e indo “deixando a vida me
levar”... se fiz escolhas? Fiz. E foram acertadas, algumas foram certeiras e
incríveis. Mas, continuei indo, indo e indo, por vezes acelerada, outras feito
“lesma”... aceitando, suportando, assumindo, mais, mais e mais... cada vez mais
longe e ausente de mim.
E não era isso que eu tinha que fazer? Ao menos era o que eu
acreditava.
O que eu estava tentando fazer? Talvez colocar o mundo numa
caixinha, no bolso, nas mãos.. no coração! Não coube. Me frustrei, não vi, não
percebi, coloquei TUDO nos ombros e segui.
Não era isso que eu tinha que fazer?
Foi ficando pesado, muito pesado. Suportei, suportei tudo, de
novo, mais uma vez. Como antes, me calei, me curvei, aceitei, me fiz de forte,
engoli o choro, a raiva, o sentimento todo.
Pesado demais nos ombros, coloquei pra dentro. Coloquei
dentro... perdi a linha delimitadora, o ponto de equilíbrio, verdade seja dita me perdi, de mim em partes.
“Todas EU” estavam ali, firmes, produtivas, fortes e firmes.
Sorridentes até... tentando mais uma vez vencer o mundo. Achando VIVER eu
tentava sobreviver.
Mas, havia uma parte de todas em mim, AUSENTE, ESQUECIDA E IGNORADA, ficou pra trás, em algum
lugar... não sei se soltou a mão, se se perdeu no escuro ou na multidão. Não
sei se não gostou do caminho que viu, se achou chato, pesado ou desconexo, ou
se apenas ficou lá esperando o CONVITE.
Está um pouco escuro agora, lá fora também, mas é noite aqui
dentro também e não sei bem quem ficou pra trás, qual parte de mim...
Mas, mesmo em meio a escuridão em mim, eu te SINTO, de
alguma forma eu te vejo aí, parada, inerte, perdida, solitária, sentindo medo,
abandono, raiva, decepção, tristeza e rejeição.
Mas também posso sentir seu amor e fé em mim, EM NÓS. No fim
eu sei, que você sabia que um dia eu voltaria para te buscar. Você está aí,
apesar de tudo pronta, ansiando a cada segundo pelo nosso reencontro.
E essa sua certeza, seu amor me alcança, alcança já meu coração
e minha consciência.
Quero que me escutes nesse instante: EU ESTOU INDO TE BUSCAR, eu sei da sua existência e agora sei que PRECISO ter você aqui comigo SEMPRE, sei agora que você é a parte mais importante de mim, eu te sinto, te reconheço. Saiba que eu EU TE AMO, se acalme .... EU estou indo te BUSCAR!
Meu
EU em algum lugar, em breve estaremos juntas novamente.